sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Aquarela, Toquinho, Stênio e a Fé

Toquinho canta em Aquarela, música de sua autoria: E o futuro é uma astronave/Que tentamos pilotar/Não tem tempo, nem piedade/Nem tem hora de chegar/Sem pedir licença/Muda a nossa vida/E depois convida/A rir ou chorar.../Nessa estrada não nos cabe/Conhecer ou ver o que virá/O fim dela ninguém sabe/Bem ao certo onde vai dar/Vamos todos/Numa linda passarela/De uma aquarela/Que um dia enfim/Descolorirá...
(Cf.: http://www.youtube.com/watch?v=IG1ZU56tsdo&feature=related)

Este trecho retrata com realismo poético a dinâmica da nossa existência, cheia de relatividades e contradições, vista dentro de uma perspectiva humana. Façamos o exercício de rememorar os últimos finais de ano, pelo menos os últinos três, os balanços que fizemos dos anos correntes, os saldo que eles tiveram para nós, positivo ou negativo, as expectativas e planos que tinhamos para o ano seguinte, as estratégias que elaboramos para alcançá-los. Depois, comparemos com o que de fato aconteceu no ano seguinte. O que se confirmou, o que foi relativizado e o que foi descartado. As surpresas agradáveis e desagradáveis que tivemos.

Veremos, então, que muitas coisas que eram certas para nós se tornaram incertas - isto para o bem ou para o mal; que o que aconteceu de certo ou de errado, era algumas vezes relativamente previsível outras não. Os ganhos que tivemos nem sempre foram frutos do nosso trabalho, de nosso planejamento estratégico. Mesmo aqueles que foram, tiveram a participação direta e indireta de outros, sem as quais não seria possível colher os frutos. Colhemos também frutos que não plantamos, e nem capinamos, adubamos e regamos a terra em que eles nasceram. Em relação as perdas também, algumas delas não foram consequências de imprudências e impéricias nossas, de erros estratégicos. Muitas vezes fizemos o melhor que podíamos, seguimos conselhos especializados, fizemos conforme o script, mas os resultados não apareceram. Enquanto outras perdas poderiam ser previstas e evitadas, se ouvíssemos e pensássemos mais.

O imponderável é um fator presente nas vitórias e nas derrotas. Ele é imponderável, não apenas porque nossa consciência tem um alcance limitado, mas também porque o mundo é infinito e está em constante transformação. E os fatores de transformação não são todos vísiveis. O mundo que é, é maior do que aquele que vemos.

Então planejar é relativo? Sim, mas não descartável. Jesus ensinou que se alguém quer construir um torre deve, antes, calcular para ver se tem os recursos para concluí-la, isto é, antes de fazermos um investimento, inclusive os amorosos, devemos saber se temos como bancar até o fim. Ensinou que devemos construir nossa casa sobre a rocha, porque se construirmos sobre a areia, quando a tempestade vier ela será levada pela correnteza. Ou seja, há tempestade que inevitavelmente vêm, independente do que fazemos ou deixemos de fazer, por isso estejamos sobre a rocha para não sermos arrastados e arrasados por ela.

Jesus claramente ensina que há uma certa correlação entre aquilo que é semeado e aquilo que é colhido, como também há coisas que simplesmente acontecem porque tinham que acontecer.

Caso alguém tenha dúvida da lei da semeadura, viva desordenadamente, sem planejamento algum, seguindo unicamente o seu faro e compare os resultados, a médio e longo prazo, com a vida daquele que planeja, que toma decisões ponderadas e calculadas, que não se orienta apenas pelo instinto e pela intuição.

Por outro lado, nada é garantia de nada se os olhos estiverem focados apenas na temporalidade. Deus não tem compromisso com nossos sonhos e nossos projetos, muito menos com nossa justiça própria. Ele tem compromisso, sim, com o amor que Ele se comprometeu a nos amar, que se pode ser compreendido pela fé. E se formos só um pouquinho intleigente já podemos saber que Ele sabe mais da vida do que a gente.

Por que? Porque o futuro, a astronave que tentamos pilotar, fazendo valer nossa liberdade, não tem tempo, nem piedade. Não avisa quando começa, quando termina, quando recomeça e quando acaba de vez a viagem. Nem tem hora certa para chegar, nem garante se vai chegar, ainda que a gente tenha a ilusão que esteja no controle dela. Não pedi licença para mudar o rumo e o roteiro da viagem. E ao mudar simplesmente nos convida a sorrir ou a chorar. É o que podemos fazer.

Na estrada da vida a gente não sabe ao certo para onde vai, nem como a gente vai chegar lá, aonde a gente não sabe. Não sabemos o que nos espera na próxima curva. Nessa estrada não nos cabe/Conhecer ou ver o que virá/O fim dela ninguém sabe/Bem ao certo onde vai dar.

A gente sabe, ou pelo menos deveria saber, que nossa vida, independente da performance na passarela e da beleza da aquarela, um dia descolorirá. Vamos todos/Numa linda passarela/De uma aquarela/Que um dia enfim/Descolorirá...Àqueles, porém, que tem uma consciência ampliada da Palavra de Deus, pela fé sabem que não sabem como será a viagem, qual o percurso, as estradas que percorrerão e o tempo de duração, mas sabem com quem viajam, Jesus Cristo. Sabem que suas vidas estão ocultas com ele para o que der e vier. E, por isso, estão certos que quando o temporal se descolorir, as cores vivas da eternidade serão impressas em suas vidas. Saberão, então, o significado das relatividades e contradições da tempo, verão o desenho de sua existência pelo lado certo. Conforme Stenio Marcius em O Tapeceiro: Se você olha do avesso/Nem imagina o desfecho/No fim das contas/Tudo se explica/Tudo se encaixa/Tudo coopera pro meu bem/Quando se vê pelo lado certo/Muda-se logo a expressão do rosto/Obra de arte pra honra e glória/Do Tapeceiro/Quando se vê pelo lado certo/Todas as cores da minha vida/Dignificam a Jesus Cristo/O Tapeceiro. (Cf.: http://www.youtube.com/watch?v=CcfKTXtkC-I)

Digo isso porque não sabemos como será 2010. O que virá, o que partirá e se repartirá, o que partirá e nunca mais vai voltar, o que retornará. Os amores e as amizades que virão, que irão embora ou que regresserão. Provavelmente teremos ambos movimentos. Se o emprego esperado virá, se aparecerá uma proposta inesperada de trabalho ou se o desemprego nos assaltará. Não sabemos nem podemos garantir que tragédias não ocorrerão. Nem que novas paixões arrebatarão os nossos corações. Não adianta bater na madeira, fazer figa, dizer “tá amarrado em nome de Jesus”, se benzer, toamr banho de sal grosso e buscar ou pagar “cobertura espiritual” evangélica.

Adianta exercitar a Fé e saber que podemos todas as coisas naquele que nos fortalece – Jesus Cristo. E podemos porque para Deus, simplesmente, as trevas e a luz são iguais, noite brilha como o dia.

Quem em 2010 esta certeza possa estar cada vez mais certa em nós!

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